O QUE VESTIR?

Vestir! Vestir!

O que vestir?

Porque estou vestida assim?

Não sei dizer

Vestir! Vestir!

Já me vesti

E alguém tem que me dar explicações

Fui eu quem quis

Quem escolheu

Eu tive que botar no sol

Que bom, ele não encolheu

Ainda dá pra ocasião

E agora vou lhe dar explicações

Vai ter festa aqui, quero lhe contar

A dona da casa tem que estar em seu melhor

Quem vai se unir?

Quem vai se casar?

Tocam sinos na capela para anunciar

Vestir! Vestir!

O que vestir?

Ao menos não está nua dessa vez

Tanta gente vem

Querem frequentar

Esse casamento já está dando o que falar

Roberto, o noivo

Vou me casar com Jane

A minha noiva é linda e eu não sei rimar

Sou Jorge, sou Jorge

O amigo bom

Eu sou bem prestativo e gosto de ajudar

(...)

Iglesias, produzo

Não posso estar feliz

Pois esse casamento me roubou a atriz

Sou Eva, Só Eva

Com o produtor é que eu vim

Queria ser estrela, mas não deu pra mim

Fazemos pão

Fazemos pão

Juramos que fazemos pão

E todo dia a padaria é vocação

Aldolpho, Aldolpho

Mi nombre es aldolpho

Amante argentino e vivo pra beijar

Amante argentino vive pra beijar

Quem vai se unir

Quem vai se casar

Tocam sinos na capela para anunciar

Falta alguém aqui

O que sucedeu?

Jane Valadão, a noiva, não apareceu

É Jane, é Jane! É Jane Valadão!

Sou Jane, Jane Valadão

Vou casar com esse bonitão

E desisto da carreira pela união

Estou atrasada?

Vim acompanhar

E cuidar de Jane Valadão

Sou a madrinha de quem se falou... é por aí

O bar onde fica?

Pois um casamento é tão bom

Estamos na lei seca, madame

Nós vamos ter festa aqui

Por isso eu trouxe o meu de casa

Pois um casamento é tão bom

O champanhe me deixa tonta

Já estou tremendo sim

Chacoalhando enfim

Ouço um avião

Vai pousar aqui

Sou Dôra, a aviadora

Vivo no céu

Eu tenho outra cabeça

Por favor, não me aborreça

Sou Dôra, a aviadora

Quero voar

E não desejo me casar

Pois um casamento é tão bom

Que farra! Que festa!

Um casamento é tão bom

A felicidade na mão

Que farra! Que festa!

Estou tremendo sim

Chacoalhando enfim

Derretendo assim...

(...)

Quem vai se unir?

Quem vai se casar?

Tocam sinos na capela para anunciar

Sinos fazem ding!

Sinos fazem dong!

Sinos fazem ding-a-lin e nós fazemos dong!

PÉ FRIO

No espelho um bonitão

Parece nervoso

Tremendo sem qualquer razão

O que te aflige, meu irmão?

Meus pés

Meus pés

Sinto frio nos pés

Tenho que aquecê-los já

No sapateado

Meus pés, que tal?

Na verdade, os pés vão bem mal

Se eu dançar vou me sentir bem melhor

Todo mundo pode aprender a sapatear

É um modo de se aquecer

E de poder celebrar

Para cantar

Meus pés, que bom!

Já não perco o tom

Pois só sei dançar assim

(...)

Meu problema?

Seus pés

Que problema?

Seus pés

Vou esquecer dos meus pés

Não!

Vamos sapatear

Meus pés, meus pés

Sinto frio nos pés

Temos que sapatear

Para nos aquecer

Para nos aquecer

Para nos aquecer

Para nos aquecer

CANSEI DE ME EXPOR

Eu não vou mais me exibir

E já não quero mais cantar

Na verdade, quero sumir

Eu cansei de me expor

Eu não quero mais me despir

A gostosa já se cansou

A boneca se rebelou

Eu cansei de me expor

Jane, por favor...

Não posso evitá-lo

Eu já decidi

E assim, pra mim

O pano já se fechou!

Já cansei de ser linda assim

Tantos homens tive aos meus pés

(Gostosa!)

Um casaco de cem mil réis

Eu cansei de me expor

Ela já não quer mais se expor

(Eu não)

Todo dia sai nos jornais

(Página três)

Nos cadernos especiais

Eu não quero me expor

Ela não quer se expor

Eu não quero me expor

Ela não quer se expor pra nós

Nunca mais

Eu não!

Eu não quero me expor

Pois ela já não quer, não quer

Não quer se expor para nós

Não quero aplausos

Nem bajulação

Eu sumi

(Adeus)

Morri

(Brava!)

Não vou mais voltar

(Adeus! Morri!)

Mas volto a sorrir

Volto a cantar

Volto a dançar

Volto a me descobrir

Já não quero mudar de tom

Nem de achar que está tudo bom

É bem dura essa profissão

Eu já me decidi

Ser mais uma na multidão

Outro alguém

E também

Ser mulher

Ser igual

Eu cansei de me expor

(Já cansou de se expor)

Já cansei de me expor

(Já cansou de se expor)

Já cansei de me expor

(Já cansou de se expor)

já cansei de me expor

Demais!

VAMOS TODOS CAIR

Vamos todos cair

Ao longo da vida

Uma dose a mais

Cara no chão

E bebemos pra esquecer

O que vai acontecer

Sem saber pra onde ir

Qual direção

Vamos todos cair

Sem eira, nem beira

O tropeço é o preço a se pagar

Só nos resta esperar

Mais uma dose

Que há de surgir

Já que vamos cair

(...)

Nosso mundo cada vez está menor

E consegue ainda assim ficar pior

Sete são as maravilhas

Sete mares, sim senhor

Some a isto os continentes

E a Antártica, que horror!

Mas não perca a confiança

Disfarce o seu tremor

Beba um trago

Uma pinga ou um licor

Todos vão tropeçar

Mais cedo ou mais tarde

É no tranco que se

Aprende a viver

E quando enfim o bar fechar

Pois o dia já nasceu

Você pode contar quanto bebeu

Vamos todos cair

No meio da estrada

Pois quem bebe raramente está de pé

Só nos resta esperar um gesto amável

Um cafuné

Não, não quero café

Vou bebendo

Solta

Seca

Louca

Vamos todos cair!

ALDOLPHO

Es cierto que ouviste hablar de Aldolpho

Un hombre aclamado el tal Aldolpho

Mujeres enlouquecen por Aldolpho

Voy me apresentar: yo soy Aldolpho!

E para que no esqueças de Aldolpho

Mejor é aprender el nombre Aldolpho

Mujeres gritam ao me ver: Aldolpho

Pois já sabem de cor que soy aldolpho!

Canto em qualquer tom: Aldolpho

Em alto e bom som: Aldolpho

Canto até com rapidez: Aldolpho

Canto até bem devagar

Y quien soy yo parado aca?

Aldolpho!

Y para me llamar, dicen?

Aldolpho!

Y até morrir serei o tal

Aldolpho!

Y uma vez más

Eres Aldolpho!

Posso soletrar para vocês

E para todas as velhotas com problemas de audicion

Que quieren mi cuerpo pero no saben decir correctamente

Al... Al... Al

Dol... Do, Do, Do, Dol...

Pho

Yo soy Aldolpho

Aldolpho!

ACIDENTES PROVÁVEIS

Já houve tempo em que eu era o tal

Andava por toda a cidade

Mas quando ela chegou

A vida mudou

Eu perdi minha mobilidade

Eu sou um acidente provável

A desgraça que vai se abater

O brinquedo no chão

A faca na mão

Sem ter para onde correr

Tornozelos se torcem sozinhos

Não há nada que eu possa fazer

Eu sou um acidente provável

Provável é gostar de você

Se um homem me quer

Diz que sou a mulher

Com quem ele vinha sonhando

O que posso sentir

Não devo mentir

O desastre está se aproximando

Você é um acidente provável

A catástrofe que vai surgir

Fogo junto ao barril, ou...

Fogão que explodiu

O certo é que a casa caiu

Gosto mesmo de um certo perigo

E de homens sem nada a temer

Eu sou (você é) um acidente provável

Provável é gostar de você

E então?

E então nós nos beijamos

Somos dois acidentes prováveis

Provável é gostar de você!

SURPRESA FATAL

Descascar

Derreter

Triturar

E moer

Quando menos se espera

Surpresa fatal!

Outra vez

Ananás

E licor

Hortelã

Que frescor

O sabor da surpresa

Surpresa fatal

Maravilhoso

Antes de sovar

Deixa descansar

Pra tudo crescer

E o fermento agir

Sem pressa

É demais

Com razão

Vai causar

Sensação

A melhor das surpresas

Surpresa fatal!

(...)

Eis que escondido

Um sabor perdido

Mexe com a libido

Uma delícia

Surpresa!

Ponha mel

E avelã

Mais licor

Se maçã

Sem sujar o avental

Surpresa fatal!

(...)

Antes de sovar

Deixa descansar

Pra tudo crescer

E o fermento agir

Sem pressa

Surpresa fatal!

Surpresa

Veja se está pronto

Surpresa

Veja se está pronto

Surpresa

Veja se está pronto

Acho que está pronto

Surpresa!

Está pronto!

É tão bom

Só eu sei

Pois eu fiz

E provei

Rouba os meus sentidos

Surpresa fatal!

Surpresa fatal!

Surpresa fatal!

Surpresa!

Surpresa!

Surpresa!

Surpresa!

Descascar

Derreter

Triturar

E moer

Quando menos se espera

Surpresa fatal!

Eis que bela surpre

Eis que bela surpre

Eis que bela surpre

Eis que bela surpre

Eis que bela surpre

Fatal!

Veja se está pronto

Fatal!

Veja se está pronto

Fatal!

Que delícia, surpresa fatal!

MENSAGEM DE UM ROUXINOL

Tlago mensagem de um louxinol

Rouxinol, rouxinol, rouxinol

Tlago mensagem de um louxinol

Rouxinol

(...)

O que há com os amarelos

Que nos põe no chinelo?

O que há com os amarelos

Que é tão bom?

Será a comida, o shoyo, o arroz?

Será que é buda? Ou Confúncio?

Ou o que vier depois

O que há com esses blanquelos

Que nos põe no chinelo?

O que há com esses blanquelos?

Nada é bom

No céu dos brancos só tem um Deus

Tanto pêlo no nariz, ninguém diz que é feliz

Que horror!

O LAMENTO DA NOIVA

Pus um macaco em um pedestal

Tentei manter o bicho ali

Por um tempo ficou

Mas depois se afastou

Anda solto o animal por aí

Deixou o casaco lá no pedestal

E a canequinha de latão

Não consigo entender

Por que razão

Que mico atrapalhado

Partiu meu coração

Atirou o nosso pedestal

No chão

Vem meu macaquinho

Traz de volta a ilusão

(...)

Que mico atrapalhado

Partiu meu coração

Atirou o nosso pedestal

(Pedestal)

No chão

Vem meu macaquinho

Traz de volta a ilusão

(...)

Eu preciso estar tão triste?

Não! Não! Não!

Viro esse jogo se quiser

Freud era meu fã

Viu todos os meus shows

E dizia: isso é que é mulher!

(E ela delira)

Sou jane! Jane valadão!

Do amor eu me despeço

Pois meu nome é sucesso

É sucesso

É sucesso

Não!

(Mico! Mico!)

Eu adoro essa parte

(Mico! Mico!)

Ela agora está em surto psicótico

(Mico! Mico! Mico!)

Eu sou um acidente provável

(Mico! Mico! Mico!)

Eu não quero mais me exibir

(Mico! Mico!)

Eu não quero mais deslumbrar

(Mico! Mico!)

A favorita do pelotão

Eu não quero

Eu quero

Eu não quero

Eu quero

Ou não

Ou sim

Ou não

Ou sim

Eu não quero me expor

Vem Jane! Vem Jane!

Volta à lucidez, Jane

Só querem lhe ver brilhar

E eu digo sim, Jane! Sim, Jane!

Você é a melhor, Jane!

Vivem pra lhe adorar

Qualquer que seja o futuro que me espera

Uma banana hei de colher na primavera

(Pôs um macaco em um pedestal)

Roberto! Eu estraguei tudo!

(Tentou manter o bicho ali)

Cega, surda e muda para o amor

(por um tempo ficou)

Eu te amo, macaquinho!

(Mas depois se afastou)

Mas será que isso basta?

(Anda solto o animal)

Será que o amor basta?

(O macaco não te amava afinal)

Eu rezo

(Mico! Mico!)

Pra deus

(Mico! Mico!)

Assim

O que é melhor: o mico ou o pedestal?

Pra mim?

Mico lá no pedestal!

O AMOR TRIUNFA NO FINAL

Quem conhece a vida

Sabe que o amor

É uma experiência desigual

Julieta e Romeu tiveram a lição

O amor triunfa no final!

- Triunfa de que jeito madame? Romeu e Julieta é uma tragédia!

- Eu nunca leio as críticas, Agildo

Quem conhece a vida

Já se espelhou

No rei Henrique Oitavo que era mau

Mas por Ana, a Bolena ele se encantou

O amor triunfa no final

- Ana Bolena foi decapitada! Ela perdeu a cabeça, madame!

- Mas é claro, Agildo, ela estava apaixonada!

Pois Adão perdeu costela

- Lá vamos nós!

Dalila só traiu Sansão!

- Ela vai longe!

Não pretendo lhe dar trela

Madame não tem mais explicação

Eu digo que não

O amor triunfa no final

- Fiquei até sem ar! Vou tomar um copo de água... Gelada!

Quem conhece a vida

Sabe que o amor

Só quer maltratar e fazer mal

Mas eu tive muita sorte

O amor cuidou de mim

E o amor triunfa no final

Mas seu ex-marido era vil

Não falo dele, imbecil

O amor triunfa

O amor triunfa

O amor triunfa no final

O amor triunfa no final

EU QUERO VOAR

É o Jorge! É o Jorge! É o nosso Jorge!

Sou bom e prestativo, gosto de ajudar

E graças a sua ajuda, vamos nos casar

Vai ter festa aqui, vamos celebrar

Tocam sinos na capela para anunciar

Tocam sinos na capela para anunci...

(...)

Sou Dôra, a aviadora

Vivo no céu

Voava para o rio

Mas pousei, pois tava frio

Sou Dôra, a aviadora

E vou voar

Pois sei que vocês vão casar

(...)

Os noivos lá na capela

Não cansam de se beijar

Mas tenho a mesma sensação

Pois quero, eu quero voar

As juras de amor eterno

Nos fazem desabrochar

Mas tenho a mesma sensação

Pois quero, eu quero voar

Afim?

Sim, sim!

Afim?

Sim, sim!

Afim?

Sim, sim!

Afim?

Sim, sim!

Os noivos lá na capela podem nos fazer sonhar

Um arco Iris espera

O céu enfim clarear

Vou decolar, ganhar o céu

Eu quero, eu quero voar

Os noivos lá na capela

Não cansam de se beijar

Mas tenho a mesma sensação

Eu quero, eu quero voar

Voar
Eu quero voar!

Vejam! Estamos chegando!

Vejam! Estamos no rio!

Rápido, Dôra! Já é hora da lua de mel

Voar!

Voar!

Voar!

Que sensação

Sair do chão

Voar!

Olhando a nuvem passar

Ganhar o céu, provar o mel

Voar!

Voar

Quero vo...

(...)

...Ar!

FINALE

Vamos todos cair

Ao longo da vida

Uma dose a mais

Cara no chão

E bebemos pra esquecer

O que vai acontecer

Sem saber pra onde ir

Qual direção

(Eu sou um acidente provável)

Vamos todos cair

(Eu não quero mais me exibir)

Sem eira, nem beira

(Vai ter festa aqui, vamos celebrar)

(Surpresa fatal)

O tropeço é o preço a se pagar

(O amor triunfa)

(Triunfa)

(Yo soy Aldolpho)

Surpresa!

Só nos resta esperar mais uma dose

Que há de surgir

Já que vamos cair

Vamos todos cair

No meio da estrada

Pois quem bebe quase nunca está de pé

Só nos resta esperar um gesto amável

Um cafuné

Não, não quero café

Eu imploro

Choro

Juro

Rezo

Vamos todos cair!